Não, Mota Amaral não vai candidatar-se, pelo menos para já, a qualquer cargo político regional, nacional ou internacional. Nem é isso que se pretende insinuar com o título encimado. Como se sabe, foi afastado das linhas da frente política pelos actuais dirigentes do partido que fundou e de que foi, nos Açores, líder incontestado. Nesta condição, governou as ilhas cerca de vinte anos. Depois, foi eleito deputado pelos Açores à República, em sucessivas eleições, tendo ainda exercido o cargo de Presidente da Assembleia.
Mas os “mestres” da política sabem que o poder se exerce das mais diversas formas e que nem sempre as mais hábeis e eficazes são as que têm maior visibilidade. São, ainda, exímios no modo como gerem o tempo, lidando, como ninguém, tanto com a fortuna como com a virtude…
Quem pensa que, por ocupar um pelouro partidário, por exemplo, (por mais elevado que seja) tem poder, engana-se redondamente.
Assim, uma análise atenta, pouco mais do que básica (tipo “universidade de verão”), dá para entender que foi nulo o poder dos actuais dirigentes, da “rua do Adão”, no processo de candidatura social-democrata às últimas eleições para a Câmara de Ponta Delgada. Nem de outra maneira se poderia entender.
Acaso alguma vez os dirigentes da “renovação” indicariam como candidato à vice-presidência da vereação um veterano da política regional, um “incondicional” de João Bosco, como é o caso de Humberto de Melo?
A vitória em Ponta Delgada nada tem, pois, a ver com este PSD e tem um alcance político que vai muito para além da simples conquista da cidade.
Na verdade, a estratégia vencedora foi, claramente, delineada a partir de um tripé que, correndo por fora, jogou, oportunamente, uma cartada com previsíveis efeitos de médio prazo, podendo, assim e a seu tempo, abrir portas a um novo ciclo político nos Açores.
Deste modo se joga o futuro político de José Bolieiro e do seu “vice”, que bem conhece os trilhos do caminho…
Quem disse ser feio apontar com o dedo?
Luís Bastos
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